Se você tem um filho com menos de três anos, provavelmente já enfrentou dificuldades para eliminar a secreção que se forma com as doenças respiratórias, tão comuns nesta época do ano. Em muitos casos, apenas a limpeza com soro fisiológico e inalação já resolvem. Mas há quadros em que a secreção se acumula e acaba obstruindo as vias aéreas e, consequentemente, dificultando a respiração das crianças. Para estes casos, a fisioterapia respiratória pode ser uma grande aliada. Nunca ouviu falar? Não se culpe. A maioria dos pais desconhece este segmento milagroso da fisioterapia. “Quando indico a técnica no consultório, a grande maioria dos pais nunca ouviu falar. Mas, depois que conhecem o trabalho destes profissionais, aprovam em 100% dos casos”, afirma Marcelo Reibscheid, pediatra da UTI Neonatal do Hospital São Luiz.
Blog destinado aos alunos do curso de graduação em Fisioterapia com o objetivo de apresentar temas específicos da saúde da criança.
segunda-feira, 12 de outubro de 2015
Fisioterapia respiratória ajuda o bebê a respirar melhor
A alternativa facilita a eliminação da secreção causada pelas doenças de inverno
Principais Técnicas de Fisioterapia Respiratória em Pediatria
As técnicas de fisioterapia respiratória utilizadas em recém-nascidos e lactentes, que estão em constante crescimento e desenvolvimento, diferem de forma substancial das práticas utilizadas no adulto, devendo respeitar a idade do paciente e fatores anatômicos e fisiológicos relativos; doença pulmonar e doenças associadas; condições clínicas e evolução do quadro; cooperação e aderência ao tratamento; e crescimento e desenvolvimento neuropsicomotor. São descritas técnicas de fisioterapia respiratória para desobstrução de vias aéreas superiores e inferiores.
Drenagem autógena assistida
A DAA é uma adaptação da técnica de drenagem autógena (DA) para lactentes ou crianças pequenas. (LANNEFORS, 2004; COPPO, 2007) Baseada na fisiologia da respiração, utiliza o fluxo expiratório como força ativa para mobilização do muco. A DA, descrita por Chevaillier no final dos anos de 1970, é uma técnica de higiene brônquica ativa, que utiliza inspirações e expirações lentas e controladas pelo paciente. A técnica envolve a utilização de três modos ventilatórios:
- ventilação a baixo volume pulmonar, que objetiva o descolamento de secreções distais;
- ventilação a médio volume pulmonar, que visa coletar as secreções localizadas nas vias aéreas de médio calibre; e
- ventilação a alto volume pulmonar, que promove a eliminação das secreções das vias aéreas proximais. (POSTIAUX, 2000; FELTRIM, 2001)
Na forma passiva (DAA), o paciente é posicionado em decúbito dorsal e uma faixa elástica, colocada entre as últimas costelas e as cristas ilíacas, é utilizada para estabilização do abdome.
Com as mãos envolvendo bilateralmente o tórax da criança, o fisioterapeuta realiza uma pressão suave, aumentando lentamente a velocidade do fluxo expiratório (acompanhando o padrão respiratório da criança), prolongando a expiração até o volume residual. (imagem 12)
Imagem 12- arquivo do Setor de Fisioterapia – CAISM-UNICAMP
Esta pressão deve ser sustentada até que se perceba o aumento do esforço inspiratório da criança.(imagem 13)
Imagem 13- arquivo do Setor de Fisioterapia – CAISM-UNICAMP
A aplicação de pressão excessiva desencadeará respostas de proteção (bloqueio reflexo torácico de defesa), com o objetivo de resistir à manobra.
Em lactentes atendidos ambulatorialmente, a DAA pode ser combinada ao bouncing, após a aquisição do controle de cabeça. Sentado em uma bola, com a criança sentada em sua perna, o terapeuta posiciona as mãos bilateralmente ao tórax, realizando a pressão como descrito anteriormente. (imagens 14 e 15)
Imagens 14 e 15- arquivo do Setor de Fisioterapia – CAISM-UNICAMP
Ao mesmo tempo, o terapeuta realiza movimentos rítmicos para cima e para baixo, utilizando o deslocamento do próprio corpo. Este movimento provoca alterações na frequência respiratória do paciente, com consequentes variações do volume pulmonar.(LANNEFORS, 2004)
Já em recém nascidos pré termo, a utilização da técnica necessita de modificações baseadas nas limitações impostas pelas características fisiológicas desta faixa etária. A necessidade de se manter estas crianças em incubadoras, dificulta a colocação das mãos no tórax na posição descrita originalmente. Além disso, o apoio abdominal realizado pela cinta, pode provocar alterações do fluxo sanguíneo cerebral. Nestes recém nascidos, utilizamos a fralda para sustentação do abdome e posicionamos a mão torácica entre a fúrcula esternal e a linha intermamária, realizando a técnica da mesma maneira descrita anteriormente. (imagem 16)
Imagem 16- arquivo do Setor de Fisioterapia – CAISM-UNICAMP
Os objetivos da DAA são prolongar a expiração até o volume residual e aumentar a velocidade do fluxo expiratório, visando melhorar o transporte do muco para vias aéreas de maior calibre. (LANNEFORS, 2004)
Está indicada em casos de obstrução brônquica por estase de secreções, no recém-nascido, lactente e na criança incapaz de cooperar.
Esta técnica não apresenta contra-indicações descritas, portanto, situações específicas devem
ser avaliadas.
Aspiração de corpo estranho
Logo após a aspiração de algum objeto, ocorre acesso de tosse, seguida de engasgo, que pode ou não ser valorizado pelos pais. A aspiração também deve ser considerada quando ocorre o primeiro quadro súbito de chiado no peito em crianças sem casos de alergia na família. Tosse persistente, chiado no peito, falta de ar súbita, rouquidão e lábios e unhas arroxeadas, são sinais sugestivos de que pode ter ocorrido a ACE.
Quando a ACE é parcial, a criança pode tossir e esboçar sons. Nesta situação, o melhor procedimento é a não intervenção no ambiente doméstico e encaminhamento a um serviço de saúde, para o tratamento definitivo.
Quando a ACE é total, a criança não consegue esboçar qualquer som, está com asfixia, falta de ar importante e até com os lábios arroxeados. Nesta situação, deve-se proceder da seguinte maneira:
• Maiores de um ano: manobra de Heimlich, que consiste em compressões abaixo das costelas, com sentido para cima, abraçando a criança por trás, até que o CE seja deslocado da via aérea para a boca e expelido.
• Menores de um ano: 5 percussões com a mão na região das costas, a criança com a cabeça virada para baixo, seguida de 5 compressões na frente, até que o CE seja expelido ou a criança torne-se responsiva e reaja.
• Se você conseguir visualizar o CE na boca, retire-o com cuidado, mas não tente ir às cegas com o dedo na boca, pois pode provocar lesões na região ou empurrar o corpo estranho para regiões mais baixas, e piorar o quadro de obstrução.
Recomendações de prevenção
• O que você deve fazer para evitar que seu filho engasgue?
• Não ofereça alimentos a crianças menores de 4 anos, sem amassar e desfiar as fibras.
• Não deixar pedaços de alimentos no prato, principalmente os arredondados.
• Os seguintes alimentos são de risco potencial para a aspiração: sementes, amendoim, castanha, nozes, milho, feijão, pedaços de carne e queijo, uvas inteiras, salsicha, balas duras, pipoca, chicletes.
• Mantenha os seguintes itens da casa, longe do alcance de crianças menores de 4 anos: balões, moedas, bolinha de gude, brinquedos com peças pequenas, bolas pequenas, botões, baterias esféricas de aparelhos eletrônicos, canetas com tampa removível.
o O que você pode fazer para prevenir o engasgo e aspiração:
• Estar ciente das manobras de desobstrução que você pode fazer em casa, citadas acima.
• Insistir para que as crianças comam à mesa, sentadas. Evite alimentá-las enquanto correm, andam, brincam, estão rindo e não deixá-las deitar com alimento na boca.
• Corte os alimentos em pedaços bem finos e ensine a criança a mastigá-los.
• Supervisione sempre a alimentação de crianças pequenas.
• Fique atento às crianças mais velhas. Muitos acidentes ocorrem quando irmãos ou irmãs mais velhas oferecem objetos ou alimentos perigosos para os menores.
• Evite comprar brinquedos com partes pequenas e mantenha objetos pequenos da casa fora do alcance das crianças.
• Siga a recomendação da embalagem dos brinquedos, com relação à idade ideal para aquisição.
• Não deixe crianças pequenas brincarem com moedas.
Saiba mais: Crianças e Adolescentes Seguros. Guia Completo para Prevenção de Acidentes e Violências. Sociedade Brasileira de Pediatria. Coordenadores: Renata D. Waksman, Regina M. C. Gikas e Wilson Maciel. Editora: Publifolha, 2005.
Posições para o bebê dormir
A autora, neste vídeo, demonstra a posição ideal (atualmente recomendada) para o bebê dormir com segurança. Além de dicas sobre como evitar o refluxo e a cabecinha torta.
Justiça proíbe a venda de andadores de bebê em todo o país
Parte dos andadores infantis foi proibida no Brasil por uma liminar expedida pela Justiça gaúcha. A medida pode ter pouco impacto, pois só afeta um modelo, de quatro disponíveis, e somente aqueles fabricados por nove empresas brasileiras — que correspondem por 30% do mercado nacional.
O tipo proibido é o tradicional, em que a criança caminha sentada. Ainda há outros três liberados: tradicional com móbile acoplado, com alça e "moderno" (veja quadro). As restrições ocorrem somente com essas especificações porque a ação que entrou contra as fabricantes não incluiu todas as marcas nacionais, todos tipos e tampouco as marcas importadas, que correspondem a 55% dos mais de 2 milhões de andadores vendidos anualmente no país.
A medida ecoa depois de uma pressão de vários setores da sociedade. Tanto na Câmara de Deputados como no Senado estão em tramitação projetos de lei para eliminar os equipamentos. O próprio Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia avaliou dez marcas em julho e nenhuma passou no teste. Além de ser uma vitória para a campanha da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), que pressiona pela pauta por acreditar que os andadores apenas prejudicam o desenvolvimento das crianças.
— O andador ensina a criança a caminhar errado, com as pernas flexionadas, o que leva a encurtamento do tendão. Também há estudos comprovando que os bebês que usam andador demoram mais tempo para caminhar porque afeta o desenvolvimento psicomotor — explica o integrante da SBP, Rui Locatelli Wolf.
Mas o mais grave, segundo Wolf, é que o produto faz com que crianças andem rápido demais para sua idade em função das rodinhas. O perigo é duplo: sem coordenação motora para andar na velocidade que o utensílio permite, as quedas são frequentes e a rapidez é maior para despistar a atenção dos adultos e chegar em locais perigosos como fontes de energia elétrica e piscinas.
A decisão segue uma tendência internacional de proibição dos equipamentos:
— Inglaterra, Canadá e vários Estados nos Estados Unidos proíbem o uso — afirma a juíza de Passo Fundo que deferiu o pedido, Lizandra Cericato Villarroel.
Ela também se baseia em pesquisas como a austríaca chamada "Andadores: Uma Ameaça Subestimada para Nossas Crianças?", que revelou que 55% das famílias com crianças investigadas usavam o aparelho. Dessas, uma em cada cinco havia sofrido algum acidente relacionado ao andador. A Aliança Europeia para Segurança Infantil aponta ainda que esse é o tipo de utensílio infantil que mais provoca lesões em bebês, 90% das quais ocorrem na cabeça.
— Nessa idade (de 10 meses a um ano meio), a criança ainda não tem a caixa craniana tão firme e qualquer batida pode ser séria, podendo levar a hemorragia cerebral e até a morte — salienta Wolf.
Ele mesmo já atendeu um caso que teve esse final trágico. Um bebê de 10 meses morreu após cair do andador em Passo Fundo, em 2009. Desde então, há uma recomendação do Ministério Público na cidade para que escolas, colégios e hospitais não utilizem o equipamento.
No entanto, para o presidente da Associação Brasileira de Produtos Infantis (Abrapur), Synésio Batista da Costa, ainda não há comprovação suficiente para a proibição.
— A questão que fica é: o que vamos fazer com o estoque? Mas iremos respeitar a decisão: vamos seguir a determinação e a partir de hoje essas fábricas não venderão mais.
Ele afirma que irá recorrer. Por ser de caráter liminar, depois que as empresas receberem o ofício, tem dez dias para recorrer. Costa garante que enquanto for liminar, não fará qualquer tipo de recall dos produtos.
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